O artista plástico e figurinista Paulo Rojas está em fase de preparação da exposição ‘Sinhás da Minha Vida – Um Olhar Sobre a Sutileza da Sinhazinha da Fazenda’, que irá revisitar dez indumentárias de Sinhazinha da Fazenda – item de número 7, dos 21, do Festival Folclórico de Parintins – criadas por ele, e que foram apresentadas ao longo dos anos na Arena do Bumbódromo. Rojas é, há quase três décadas, artista do festival e já criou figurinos também para outros itens folclóricos.
“Meu ingresso no boi-bumbá se deu a partir do momento em que fui convidado, em 1995, pelo mestre Simão Assayag, à época presidente do Conselho de Artes do boi Caprichoso, para integrar a equipe do bumbá. Até então, a responsável pela confecção dos figurinos de sinhazinha era a dona Ednelza Cid, bisavó da atual sinhazinha Valentina Cid. Naquele ano, ela estava enferma e Simão me convidou. Aceitei e assumi o ateliê de figurinos do Caprichoso. Então, a ideia para a exposição é consequência dessa relação com o figurino que já me acompanha há algum tempo”, conta Rojas.
De lá para cá, o artista plástico, que é formado pela Universidade das Matas – como gosta de dizer – teve como inspiração para suas criações a natureza, de modo que suas peças têm forte influência da sustentabilidade, e isso também ganhará destaque na mostra. “Logo, na composição dos figurinos da exposição, esse cuidado é, por óbvio, preservado. Assim, em termos de material, vou usar algodão orgânico, fibra de bananeira, tinta artesanal, entre outros”, adianta ele.
Acervo
Rojas adianta, também, que buscou identificar para a exposição, aquelas peças – das 29 que já produziu para o item - mais representativas da cultura local. “São indumentárias de anos diversos, e que se eternizaram na memória do Festival Folclórico de Parintins. Serão reproduzidos os figurinos: Teatro Amazonas, Biodiversidade, Belle Époque, Artesanato, Quelônios, Floresta, Lúdico, Águas, Boto Cor de Rosa e Povos Ancestrais”, revela ele, salientando que todas as indumentárias serão confeccionadas em Parintins e, posteriormente, encaminhadas para Manaus, onde haverá a mostra.
A exposição contará, ainda, com textos explicativos sobre as fases de criação e execução de cada um dos modelos selecionados. “Todas as peças expostas terão legenda específica, com linguagem simples, onde serão prestadas informações relativas ao seu processo criativo, bem como aos materiais utilizados em sua composição. Ademais, serão providenciados também textos descritivos para eventual necessidade. Nesse sentido, como forma de atender ao público com deficiência visual, será garantida a leitura descritiva de cada um dos objetos em exposição, por uma das pessoas da equipe de recepção”, destaca Rojas.
Carreira
Entusiasta da moda sustentável, Paulo Rojas é artista plástico e figurinista, com formação adquirida nos estados do Rio Grande Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, tendo trabalhado com Rosângela Cortinhas, Joãosinho Trinta e Fernando Pamplona. No Carnaval, Rojas tem passagem pela Mocidade Independente de Aparecida, em Manaus, onde assinou Comissão de Frente, Mestre Sala & Porta Bandeira e Destaques de Luxo. Em São Paulo, tem atuação nas escolas de samba Nenê de Vila Matilde, Gaviões da Fiel e Estrela do Terceiro Milênio.
A convite da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, participou de três edições do Festival Amazonas de Ópera (FAO), tendo sido o responsável pela montagem do Ateliê de Figurinos da Central Técnica de Produção. Atuou nas óperas ‘II Pagliacci’ (5º FAO, em 2001); ‘O Crepúsculo dos Deuses’ (9º FAO, em 2005), integrante da quadrilogia ‘O Anel do Nibelungo’ e ‘La Cenerentola’, ocasiões em que trabalhou com nomes como Andréa Canton e Adán Martinez.
Ele esteve, ainda, na produção de figurinos para as cerimônias de abertura da Copa das Confederações de 2013, em Brasília, por meio do Ateliê Bruno Oliveira; além de participação no Show da Virada, da TV Globo, em 2013, na cidade de São Paulo.
“Acredito que será uma linda exposição. Falar do Festival de Parintins é motivo de emoção, é encontrar o lúdico, o belo. É confrontar-se com a capacidade mágica de um povo aguerrido, que se entrega à proteção de Nossa Senhora do Carmo. É inebriar-se com o brilho de poetas, cancioneiros, artistas geniais, caboclos ribeirinhos, gente festeira... gente que encanta com a beleza superlativa de suas criações. O festival é essa simbiose majestosa de magia e encantamento”, finaliza Paulo Rojas.
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