O artigo “Vidas de Canoa”: a construção de uma Bionarrativa Social (Bionas) por professores em formação na Amazônia, participa da 1ª Encontro Nacional caravana da Diversidade. O artigo tem como autores Michele Marques de Souza, Márcio José Miranda Farias, Jackson de Souza Santos, Dirlene Azevedo de Melo e Gustavo Batista Pereira. O evento acontece de 2 a 5 de maio em Manaus, nas Universidades Federal do Amazonas (Ufam) e do Estado do Amazonas (UEA).
VEJA AQUI O CLIPE DA MÚSICA "VIDAS DE CANOA": https://youtu.be/dTeJRDv24DY?si=WsJFNJ-x8GDa_uq-
De acordo com a professora Michele de Souza, o Encontro Nacional Caravana da Diversidade vai reunir grupos de pesquisadores e educadores do campo da educação para a biodiversidade, que visa discutir os conhecimentos produzidos nas diversas regiões, a cultura, as falas, modo de ensinar, de aprender em cada região do País.
“Vai ser um encontro muito rico pra gente discutir como a gente vem fazendo educação aqui na Amazônia, principalmente, mas também, em outros lugares de onde vêm esses pesquisadores para compartilhar conhecimentos conosco aqui no amazonas. E nesse encontro vamos apresentar o trabalho intitulado “Vidas de Canoas”, produzido no Encontro de Pedagogia na Semana de Pedagogia do Centro de Estudos superiores de Parintins (Cesp) da Universidade do Estado do Amazonas (Uea)”, explicou Michele.
Sobre o projeto
Segundo os professores autores, as Bionas (bionarrativas sociais) são uma forma de expressar por meio de narrativas e escrita o conhecimento dos sujeitos a partir de suas memórias, de sua subjetividade, cultura, a biodiversidade e sua relação com os territórios ao qual o indivíduo se insere. O objetivo do trabalho é relatar a experiência de construção de uma Bionas durante as andanças da Caravana da Diversidade na cidade de Parintins.
Professores, pesquisadores e colaboradores da caravana estiveram na UEA e provocaram acadêmicos de Pedagogia, Biologia, Física, Química e professores das redes estadual e municipal a pensar criticamente a forma de ensino.
Divididos em grupos, fomos instigados a criar uma BIONAS com o tema canoas. O resultado foi a criação da BIONAS Vidas de canoa, que entrelaça as memórias bioculturais dos cinco integrantes e sua relação com as viagens nos rios Amazônicos e a possibilidade de uso como objeto didático de ensino voltado à uma educação reflexiva e crítica.
Palavras- chave: bionarrativas, BIONAS, ensino de Ciências, ensino de Biologia, biodiversidade
BIONAS: o primeiro contato com o conceito
O termo Bionas (Bionarrativas Sociais) nos foi apresentado pela primeira vez durante a VIII Semana de Pedagogia do Cesp-Uea, realizada entre 30 de novembro e 1º de dezembro de 2023. A semana voltada principalmente para acadêmicos do curso de Pedagogia, reuniu também a comunidade acadêmica das licenciaturas em Física, Química, Biologia e professores de Ciências e Biologia do ensino básico das redes estaduais e municipais de Parintins, no Amazonas.
Inseridos na programação da semana acadêmica, um grupo de pesquisadores, professores e colaboradores convidados vieram da capital Manaus para apresentar um evento itinerante chamado Caravana da Diversidade. A Caravana da Diversidade, trata-se de um grupo de pesquisadores de Norte a Sul do Brasil, que promove problematizações e provoca os participantes no que tange a reflexão sobre a educação para a biodiversidade, suas experiências enquanto sujeitos, sua cultura e a sociedade na qual se insere nos diversos biomas brasileiros (KAWASAKI, 2020, p.32; RÉDUA; KATO, 2020, p.46 e 47). Nesta caravana, tivemos mediadores das oficinas advindos da Universidade Federal do O termo BIONAS (Bionarrativas Sociais) nos foi apresentado pela primeira vez durante a VIII Semana de Pedagogia da Universidade do Estado do Amazonas, no Centro de Estudos Superiores de Parintins, realizada entre 30 de novembro e 1º de dezembro de 2023. A semana voltada principalmente para acadêmicos do curso de Pedagogia, reuniu também a comunidade acadêmica das licenciaturas em Física, Química, Biologia e professores de Ciências e Biologia do ensino básico das redes estaduais e municipais de Parintins, no Amazonas.
O público-alvo foi, em sua grande maioria, oriundo de Parintins, cidades vizinhas e comunidade do interior da floresta, fazendo parte de famílias com forte contato com práticas tradicionais da Amazônia, como pesca, caça, cultura de mandioca e seus derivados, como a farinha.
Ainda no turno matutino, os participantes foram divididos em cinco grupos e receberam orientações dos mediadores sobre as possíveis temáticas que gostariam de abordar. Cada integrante falou uma palavra que remetesse sua experiência sobre o primeiro momento de fala do grupo de pesquisa Diversa.
Após a sistematização das palavras com maior nível de proximidade, o grupo foi dividido novamente em subgrupos de cinco integrantes.
No turno da tarde, passamos às construções de nossas narrativas para a construção de uma BIONAS que representasse as vozes dos integrantes, dentro de suas experiências de vida e formativas. A temática definida pelos integrantes deste trabalho foi com base nas palavras “água” e “viagem”, sendo,
posteriormente a palavra “canoa” a comum a todos os integrantes, o que definiu os rumos de nossa BIONAS. Os integrantes desse subgrupo foram dois acadêmicos de Pedagogia, um acadêmico de Biologia e dois professores de Ciências Naturais em escolas públicas de Parintins, perfazendo o total de 10 horas.
A música como instrumento de resgate
A partir da temática já definida, escolhemos representar nossa BIONAS por meio de uma canção que trouxesse nossas memórias em passeios de canoas que nos marcaram e nos fizesse perceber que embora com o tema em comum, nossas vivências ainda sim fossem diversificadas.
Como ponto de partida e inspiração, quisemos introduzir sons instrumentais baseados nas músicas do grupo amazonense Raízes Caboclas. Apresentamos um texto que conta nossas histórias misturadas e que podem ser usados como modelo de resgate das memórias bioculturais dos estudantes a quem lecionamos, sobre suas origens e suas percepções de comum-unidade.
Ainda durante a atividade da Caravana da Diversidade, houve o espaço para a apresentação de cada um dos produtos feitos ao longo daquele dia do evento. Em específico para este trabalho, apresentamos cantando e com batidas de tambor para os presentes. Após a apresentação, recebemos sugestões dos mediadores de transformar a poesia- música criada em imagens que representassem nossa BIONAS.
Posteriormente, após o encerramento da Caravana em Parintins, a música foi gravada em estúdio e as imagens foram criadas por meio de desenhos a lápis partir da ausculta da música por uma estudante do 7º ano de uma escola da rede municipal de educação de Parintins.
A BIONAS: Vidas de Canoa
A Bionas Vidas de Canoas representa a exteriorização das vivências de seus autores na perspectiva da vida do caboclo amazonense do interior, sobretudo de Parintins que é uma ilha e para se deslocar usa o transporte fluvial, na maioria das vezes. Como forma de remeter o passado de nossos ancestrais ou da vida infantil dos autores, utilizamos o título Vidas de canoas de modo a representar o entrelace das histórias dos narradores. A seguir apresentamos:
VIDAS DE CANOA
Refrão
Canoê, canoa á
Canoas do Rio Andirá
Canoas de lá, canoas daqui
Canoas do rio Itaboraí
Canoas que cortam rios afins
Canoas da nossa Parintins
Desde pequeno navegante no Amazonas
Pés engelhados, alagados no porão
Ela é quem corta águas do meu destino
Remo de lado, sigo a voz do coração
Eu vou no balanço das águas
Com os meus pés no porão da minha canoa
Sigo remando no remanso do banzeiro
E na canoa levo a vida assim de boa
Poesia falada
Ah lá ela, a caboquinha!
Criada na cidade
Agora naquela canoinha
Admirando a diversidade.
É rio, é água, é igarapé
É castanheira, é passarinho
É rebojo de jacaré
Tudo lindo e novinho
Enquanto uns se admiram
Outros vivem esse cotidiano
Com medo do boto uns pulam
Outros atravessam o rio nadando
Eiiiita que lá vem temporal
Raio e banzeiro que acelera o coração
Arrasta a canoa para o matagal
É grito, é prece, é joelho no chão
São vidas entrecortadas
São traços de uma vida boa
São risos, são choros
São faces das vidas de canoa.
Refrão...
Poesia falada
E assim, sigo adiante na canoa e no banzeiro
Rumo aos horizontes do paraíso derradeiro
Viajo com a corrente, desvendando os segredos
Na magia da viagem, que me guia pelos medos
Na viagem de canoa, o mundo se transforma
E a poesia se eterniza, cada curva que se forma
Banzeiro que embala, coração que se agita
Navegar é liberdade, é a alma que se grita!
Refrão...
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Educação