"Cultura, o triunfo do povo" é o tema do Caprichoso em 2024



Em uma noite de festa azulada e muita expectativa, o Boi Caprichoso anunciou o tema de 2024, "Cultura, o triunfo do povo," que será apresentado no Festival Folclórico de Parintins em 2024. O anúncio foi feito durante a festa em comemoração aos 110 anos de história do bumbá, no curral Zeca Xibelão. 

Veja a matéria em vídeo no link aqui: https://fb.watch/o791BHdjAX/?mibextid=Nif5oz

O festejo contou com intensa participação da nação azul e branca e um grande show de itens individuais, dançarinos, Marujada, Raça Azul e banda Oficial.

Os toadeiros iniciaram a festa e deram o tom festivo para o espetáculo preparado pelo artista Caprichoso. Ao som das melhores toadas do Festival de Parintins, os itens azulados fizeram um show à parte com a graciosidade da sinhazinha Valentina Cid, a beleza da rainha do folclore Cleise Simas, a garra da porta-estandarte Marcela Marivalva, a força da cunhã-poranga Marciele Albuquerque e a dança do pajé Erick Beltrão. Os versos de desafio do amo, Prince do Boi, e a potente voz do levantador, Patrick Araújo, ao comando do apresentador Edmundo Oran, reverberaram na galera e criaram o clima apoteótico que só o povo Caprichoso sabe criar.
“O tema veio fortalecer e mostrar o caminho certo. O Caprichoso mais uma vez pensa de uma forma coletiva, em todas as estruturas culturais do município do Brasil. Então, o nosso foco hoje é muito abrangente. Nosso projeto conscientiza, forma, potencializa a nossa cultura, o nosso espaço, a nossa arte, o nosso povo, as pessoas que constroem o festival de verdade, nossos artistas, as pessoas que estão ali, os poeirinhas, as pessoas que empurram a alegoria. É esse povo que faz acontecer essa festa de verdade,” declara o presidente azul, Rossy Amoedo.

Cultura, o triunfo do povo

O auge da festa foi o lançamento do tema 2024, que causou frisson na multidão. O momento foi aguardado com muita expectativa pela nação azul e branca e surpreendeu o povo. Um vídeo de apresentação mostrou o contexto e o embasamento para a temática escolhida pelo Conselho de Arte do Caprichoso. A identidade visual usou bonecos de pano criados por artesãs de Parintins, representantes da cultura popular que embasam o tema.
“Cultura, o triunfo do povo” ressalta a cultura popular e o quanto ela é representativa à humanidade. “É arte, que torna singular os ilhéus de Parintins, com suas cores e expressões, fantasias e alegorias, cantos e danças. É mestre Bacuri, da Marujada de Guerra, que faz do pulsar do seu tambor o símbolo da resistência, onde os bumbás da Amazônia, um dia, foram perseguidos pelas elites,” explica a sinopse contextualizada pelo Conselho de Arte.

“O Caprichoso escolheu pra 2024 esse tema que é a cara de Parintins, é a cara desse lugar encantado, desse lugar onde a gente se descobre a cada dia artista, item, brincante e, a partir disso, a gente vem cantar a nossa brincadeira de boi. ‘Cultura - o triunfo do povo’ é falar justamente dessas pessoas, desse lugar, falar daquilo que nos move, que nos impulsiona como força maior. A cultura em Parintins é a nossa maior bandeira,” conclui o presidente do Conselho de Arte, Ericky Nakanome.

Fotos: Pedro Coelho e Michel Amazonas

CULTURA, O TRIUNFO DO POVO

No princípio, as deusas e deuses criaram Parintins, território sagrado de encantarias e mistérios. Suas gentes, expressão divina da criação, passaram a ser dotadas de saberes e fazeres específicos, um talento cuja vocação se faz presente em cada gesto e em cada canto, em cada palavra e sorriso, um brado de luta e emancipação.

Essa gente que se fez água, que se fez cor, que é noite e dia, frio e calor, tornou-se a personificação da natureza sagrada, e como tal, a expressão da resistência contra tantos outros e outras que insistem na destruição dos biomas. Quando uma árvore é derrubada, quando o rio é poluído, o parintinense chora porque é feito da mesma matéria que a produziu, do mesmo ato de criação a que se fez parte. Do mesmo gesto e do mesmo verbo.

Parintins é Amazônia. Parintins é Brasil.

As gentes da Amazônia são unas porque são muitas. Simples e plural. Povo e multidão. Essa gente é sabor porque são muitos os gostos e aromas das comidas de indígenas e caboclos. É crença, crendices e adivinhação. 

É mito que explica a origem dos seres e da natureza. É rito, que dramatiza histórias e marca as fases da vida. É lenda, dos caboclos e ribeirinhos, gente das águas e das matas.

É o quilombo do Erepecuru, "a força de um povo que vem do rio", é Tambor de Mina, é Retumbão, a dança dos marujeiros de Bragança. É a corda do Círio, os brinquedos de Miriti, a força das mulheres coletoras da pimenta Baniwa, a pesca com Timbó, o gambá de Maués, o Puxirum dos caboclos. 

É arte, que torna singular os ilhéus de Parintins, com suas cores e expressões, fantasias e alegorias, cantos e danças. É mestre Bacuri, da Marujada de Guerra, que faz do pulsar do seu tambor, o símbolo da resistência, onde os bumbás da Amazônia, um dia, foram perseguidos pelas elites. 

É ancestralidade porque sabemos de onde viemos. É presente porque o vivemos. É futuro porque sabemos onde queremos chegar. É fé, a expressão de um povo de luz e de esperança, que na dúvida das suas incertezas, creditam aos deuses seus nortes e consciências.

Essa gente é Caprichoso, o boi preto de Parintins, o verdadeiro boi do povo, construído por muitas mãos, expressão do coletivo, de Roque e Ednelza Cid, Luiz Gonzaga e Luiz Pereira, Dora e Chica, Joãos e Marias. É festa, cor, liberdade e poesia. É a criança com seu brincar, é a Marujada no dois pra lá e dois pra cá. É Arlindo Júnior e Daniel, cantador de boi. 

É Lióca e o iluminar de sua lamparina que, mais uma vez, conduz os caminhos do touro amado e de sua galera, anunciando e exaltando a chegada do boi campeão. 

Tudo isso é Parintins. Tudo isso é Amazônia. Tudo isso é Caprichoso. 

Tudo isso é "Cultura, o Triunfo do Povo".

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