MANAUS – Membros do povo originário Kanamary, do Vale do Javari, apresentaram na última quinta – feira, 14, no munícipio de Atalaia do Norte (distante 1.136 quilômetros de Manaus) os pirarucus manejados na região da aldeia São Luís, local onde os indígenas estão fazendo a prática sustentável. Os exemplares foram apresentados durante 1º Tornei de Pesca Manejada que aconteceu em Atalaia do Norte e contou com a participação dos ribeirinhos da comunidade São Rafael e da etnia Mayuruna. O trabalho é realização da Cooperativa de Preservação Etnoambiental Autônoma dos kanamary da aldeia São Luís (Copeaka).
Os peixes chegaram para serem comercializados na sede do munícipio, mas podem chegar a outros mercados, inclusive internacionais. Para isso é preciso cumprir etapas para tornar o produto atraente aos olhos dos consumidores. De acordo com o presidente da Copeaka, João filho kanamary, o projeto era um sonho dos Kanamary. “Era nosso sonho iniciar o trabalho de manejo do pirarucu porque isso nos ajudaria a preservar no lago e a proteger nosso território”, declarou. “Para isso tivemos apoio da Univaja para iniciarmos um trabalho com a nossa biodiversidade”, relatou.
O representante do povo Kanamary também agradeceu o apoio da prefeitura de Atalaia do Norte. “O prefeito deu apoio para a gente, para vendermos nossos pirarucus aqui no município de Atalaia do Norte”, comentou. Para o líder da cooperativa etnoambiental, o manejo do Pirarucu é a garantia de vida e proteção de sua gente e de suas terras. “Vender o pirarucu manejado fortalece nossa cultura, fortalece nossos costumes. O manejo é importante para cada um de nós. É importante para os nossos filhos, para o nosso futuro e o futuro de Atalaia do Norte”, destacou João Filho.
Futuro
Para o prefeito Denis Paiva (UB), parceiro dos manejadores, a chegada dos pirarucus manejados representa uma realização e uma promessa de futuro. “Ver essa produção chegar até nós é de uma imensa satisfação. Acredito muito que o manejo pode gerar renda e com isso mudar a vida dessas pessoas e dessas comunidades”, declarou. O administrador também comentou sobre a possibilidade de conquistar outros mercados. “Nós sabemos que é possível crescer, mas, para isso precisaremos cumprir etapas no beneficiamento do pirarucu e a obtenção de selos que abram portas no mercado nacional e internacional”, destacou. “Tudo é uma questão de acreditar”, esperançou.
O manejo realizado pelos Kanamary e os Mayuruna no Vale do Javari está chamando atenção de autoridades. Tanto o é que a Coordenadora Geral do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Chirley Pankara chegou nesta quinta-feira, 14, a Atalaia do Norte em missão, para conhecer o projeto de manejo estabelecido entre os indígenas em parceria com a prefeitura do município. Nesta sexta – feira, 15, ela irá visitar as comunidades para ver de perto uma iniciativa que pode ser reproduzida em toda a região amazônica em benefício de suas populações. “O manejo do pirarucu pode se tornar uma cadeia bioeconômica que pode mudar a configuração de toda Amazônia e seus povos”, finalizou Denis Paiva.
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