Noite de emoções marcou o segundo Curral do Garantido, neste sábado (22), no Sambódromo de Manaus. A primeira delas, medo da chuva, que foi forte durante todo o dia e ainda teimava em cair, mesmo fininha, no início da programação. A festa entrou pela madrugada de domingo e proporcionou momentos especiais para o público que não ligou para o tempo e foi curtir o amor pelo boi-bumbá da baixa do São José.
Os Curumins da Baixa abriram a programação com a simpatia e a técnica de sempre. São curumins, mas todos mestres na arte musical do boi-bumbá. Parintinenses que resolveram unir talentos e histórias, convergidas pelo amor ao Garantido.
A banda, formada por Enéas Dias (voz e cordas), Marcelo Bilela (caixinha e efeitos), Ivoney Sopa (percussão), Ronaldo Yoshi (violão), Roneilson Leal (teclados) e Sandro Bass (baixo) provou porque é a banda oficial do Garantido, em Parintins, e nas apresentações no Bumbódromo, no festival.
O “animal”
O homenageado da noite entrou perto das 23h. Já chegou apoteótico. Carlinhos, o animal do boi, começou o show com uma salva de fogos de artifício e a toada que gravou seu nome na história do festival. Uererê, que ele compôs em 1997 para o Garantido.
Quem conhece a história de Carlinhos do Boi não poderia esperar diferente. Foi um show dançante, com repertório sempre pra cima que teve ainda participações especiais de Carlos Batata e Márcia Novo. Destaque também para o momento tribal, quando o palco recebeu um grupo de indígenas. O levantador Ícaro Lucas, indígena da etnia kokama, cantou “Lamento de Raça” , a toada antológica de Émerson Maia, símbolo das músicas de protesto contra o desrespeito à floresta e aos povos originários.
Carlinhos do Boi, que tem história sólida em mais de 30 anos de eventos de boi-bumbá em Manaus, pioneiro dos primeiros anos de Curral do Garantido, ainda no Olímpico Clube, se mostrou emocionado. “Eu vim contar a minha história. Eu sempre tive a honra de cantar no Garantido e nunca me afastei dessa paixão emocionante que é o boi-bumbá vermelho e branco. Nas ladeiras do Olímpico Clube (idos de 1996), a galera do Garantido não “arredava o pé”, disse Carlinhos ao público.
Uirapuru e Batucada
Os batuqueiros entraram tocando no lugar. Tradição já esperada pelo público que vibrava, aos gritos, com cada batida forte dos tambores, com a Batucada abrindo caminho no meio da multidão. Esse foi o sinal para a entrada no palco do levantador oficial, Sebastião Júnior.
O “uirapuru da Amazônia” já iniciou o repertório com duas toadas de 2023: Clamores da Terra (Ronaldo Barbosa Jr) e Tuxauas de Abiayala (Enéas Dias, Marcos Moura, João Kennedy e Cláudia Helen).
Mas ver o show de Sabá é viajar pelas noites inesquecíveis de apresentações dentro da arena do Bumbódromo de Parintins. Impossível, para quem esteva lá em Parintins, não lembrar da performance do boi dentro da arena, com as toadas “O Vaqueiro” (2014), Ameríndia (2012) e Índios do Brasil (2010).
O show de Sebastião também teve participação especial. A rosa vermelha do Garantido, Márcia Siqueira, cantou “Mãe da Mata” (Demétrios Haidos, Geandro Pantoja e Jacinto Rebelo – 2011). Ela é a voz feminina que conquistou o público e já tem espaço certo nas apresentações do festival.
O boi Garantido coroou o roteiro do show de Sebastião Júnior. Sob as pernas e força do tripa Raimundo Batista, o boi de pano, símbolo da Nação Vermelha e Branca, evoluiu proporcionando, mais uma vez, momentos de fofura no palco do Sambódromo. Isso porque o povo não se contenta e tem sempre quem queira tirar uma foto acariciando o Garantido.
Encerramento
A última parte da programação ficou por conta de Edilson Santana. O repertório foi escolhido para o público que entrava para a quinta hora de festa ininterruptas. Já era madrugada do domingo, quando Santana encerrou o segundo Curral do Boi Garantido, que teve a participação dos grupos de dança Garantido Show e Somos Um Show, com a torcida oficial, o Comando Garantido, agitando do início ao fim.
Organização
O Curral do Garantido é uma realização do Movimento Amigos do Garantido (MAG) que tem na frente da equipe, duas mulheres. Cláudia Santos (presidente) e Ana Lúcia Holanda (vice-presidente) coordenaram a equipe toda. A direção do show levou a assinatura de Rivaldo Pereira, diretor de eventos do MAG.
O Curral tem o apoio do Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (SEC).
Fotos: Eduardo Cavalcante e Teka Prado
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