Casca do ingá-cipó pode gerar álcool gel, aponta pesquisa apoiada pelo Governo do Estado


Estudos apoiados pelo Governo do Governo Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), têm revelado potenciais benefícios ambientais, econômicos e sociais ao Estado do Amazonas. Entre eles está a pesquisa “Obtenção de micro e nanocelulose utilizando como matéria-prima a casca do ingá-cipó via tratamento químico e avaliação na preparação de álcool gel”. 

O projeto visa substituir o Carbopol, componente importado cuja intensa demanda atual levou a escassez e a falta do produto no comércio. O estudo, em andamento, é amparado pelo Programa Mulheres na Ciência, Edital 001/2021 da Fapeam. 

A coordenadora da pesquisa e doutora em Química da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Margarida Carmo de Souza, observou que, atualmente, na busca pela sustentabilidade, várias pesquisas estão sendo realizadas para garantir a preservação ambiental e proporcionar um melhor aproveitamento de resíduos, bem como contribuir para a economia, sociedade e ambiente. 

“Nesse sentido, estamos estudando o uso da casca do ingá-cipó para fins tecnológicos. Essa espécie é amplamente distribuída e cultivada na Amazônia e na América Central e a casca é o componente majoritário do fruto, cerca de 53% de sua massa. Essas cascas são grande fonte de biomassa lignocelulósica e acabam sendo desperdiçadas, gerando acúmulo de lixo orgânico. Portanto, a importância é usar o descarte do fruto e agregar valor ao que atualmente é lixo”, explicou Margarida Souza. 

De acordo com a pesquisadora, o estudo está sendo realizado nos laboratórios do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (ICET), com a coleta da matéria-prima de áreas da cidade de Itacoatiara (distante 176 quilômetros de Manaus) e comunidades adjacentes. 

“A pesquisa se encontra na fase de caracterização, físico-química e morfológica do material obtido, que é feita através de amostras de infravermelho, difração de raios X, microscopias eletrônicas de varredura e transmissão”, acrescentou. 

Conforme o cronograma, após essa fase, o estudo segue para a preparação do álcool gel de micro ou nanocelulose. 

As amostras de álcool gel obtidas nas diferentes proporções de micro e nanocelulose serão avaliadas quanto às propriedades reológicas (viscosidade, taxa de cisalhamento, etc) e propriedades microbiológicas, por parceiros de pesquisa em laboratórios de Ciência e Engenharia de Materiais da Ufam, Campus Manaus. 

“Após obtenção e caracterização do material, fazendo uso de metodologia descrita no Formulário Nacional da Farmacopéia Brasileira, substituiremos o componente gelificante pelo material obtido na pesquisa”, completou a pesquisadora. 

Sobre o programa - O “Programa Fapeam: Mulheres na Ciência” é uma iniciativa do Governo do Amazonas, que visa estimular a participação de mulheres na coordenação de propostas nas áreas de Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Ciências Agrárias no interior do estado. O Programa pretende dar visibilidade a projetos e promover o protagonismo feminino no sistema local de Ciência, Tecnologia e Inovação – CT&I. 

Oportunidade exclusiva - Neste ano, mais duas oportunidades exclusivas para mulheres estão sendo oferecidas pela Fapeam. Uma delas é o Programa Mulheres das Águas/Fapeam, uma iniciativa direcionada à participação de pesquisadoras como coordenadoras de projetos no interior do Amazonas, para valorização e reconhecimento do protagonismo da mulher no Sistema Local de Ciência, Tecnologia e Inovação – CT&I nas diversas áreas do conhecimento.

A outra oportunidade é o Programa Kunhã – C,T&I no Amazonas – que visa financiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, destinadas a pesquisadoras residentes no estado do Amazonas, que contribuam significativamente para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado, em uma das seguintes áreas temáticas relacionadas aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ODS. 

Confira os editais em:

http://www.fapeam.am.gov.br/editais/?aba=editais-abertos

FOTOS: Arquivo pessoal da pesquisadora Margarida Carmo de Souza

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