Em Parintins, artistas visuais protestam contra processo seletivo da educação municipal por não dispor de vagas para disciplina de arte

Texto: Marcondes Maciel DRT-AM 871


“Vergonha”. Assim protestou o presidente da Associação dos Artistas Plásticos de Parintins (AAPP), Rob Barbosa, contra a decisão da Prefeitura de Parintins, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) em não contemplar dezenas de profissionais habilitados em ate visual pela Ufam com vagas no Processor Seletivo Simplificado (PSS) para a contratação na disciplina de arte na rede municipal. 

O edital do PSS foi publicado esta semana para contratação para o ano letivo de 2022, porém, não dispõe de vagas para a contratação de professores licenciados com graduação para ministrar aulas de arte nas escola públicas municipais. 

“É por isso que os cursos de artes da Ufam perdem o interesse cada vez mais em Parintins. Mais uma vez o edital do Processo Seletivo para professor não contempla a área de arte e as autoridades políticas ficam caladas. Enquanto isso o tráfico impera e arrasta para morte cada vez mais os jovens e adultos. A arte poderia desviá-los desse triste fim. Hora da mudança já”, protestou Rob Barbosa. 

Irmanados com o pensamento de Rob Barbosa, que é graduado em Expressão Visual,  graduado em Licenciatura em Artes Visuais e pós graduado em Educação e Artes pelo Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (Icsez) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), outros artistas visuais, também egressos do curso de arte da instituição, engrossaram o couro em defesa de contratação de professores habilitados para ministrar aulas de arte nas escolas do município. 

“Essa é a valorização que a área de Artes em Parintins merece! A UFAM há mais de 10 anos forma professores de artes, mas em Seletivo ou Concurso cadê as vagas. Ah, tá... qualquer professor de outra área pode ministrar aula de artes né”, repudia o artista visual e coordenador do Coletivo de Artistas Estudantes Ártrua, Miguel Carneiro.

A indignação foi de vários artistas, principalmente nas redes sociais pela falta de sensibilidade em não valorizar a arte como processo de educação, de cidadania e de inclusão social. 

“Não é de hoje que denuncio essa falta de consideração com a classe. E o que mais me entristece é saber que as autoridades do setor não sabem ou não querem saber que a arte é uma importante ferramenta de formação de cidadania e de inclusão social. Na nossa cidade dita “A terra da Arte”, a arte não serve pra p... nenhuma. Tenho vergonha de como a arte é  vista no nosso município. Um dia ainda teremos gente com sensibilidade, visão de futuro e atitude nos representando. Fica registrado  minha indignação como artista. Se quisermos mudar o futuro para melhor,  nós  temos que provocar essa mudança e não é com omissão que vamos conseguir conquistar soberania. Infelizmente é  assim que as coisas funcionam, e os nossos ditos representantes, cruzam os braços diante desta falta de vergonha”, falou indignado Rob Barbosa.

“Eis minha indagação de muitos anos e durante a disciplina Estrutura e Funcionamento do Ensino Básico. Essa situação acontece até em Educação Física”, disse Paulo Elias Cursino. 

O professor de arte da rede estadual Roberto Azevedo afirmou: “É muita falta de respeito e consideração com os arte-educadores de nossa cidade. Cadê os representantes do poder público agora para se manifestar?”, questionou. 

Para o mestre em Sociedade e Cultura da Amazônia, artista visual e vice-presidente da AAPP, professor Pedro Vanuzo Tavares, isso é o reflexo da desvalorização da arte. 

“Minha indignação sobre este edital da SEMED. Parintins é reconhecida no Brasil por causa da arte, denominada “Terra da Arte”, mas o que vemos é uma grande contradição.

Disponibilizam o seletivo para professores e o que vemos: nenhuma ‘vaguinha’ sequer para professores de artes. Será que essa disciplina já saiu do currículo escolar? Poxa, mais respeito com esses profissionais de artes na educação formal”, denunciou Vanuzo. 

“A arte é revolucionária e consegue ajudar muitos jovens que são vulneráveis para as drogas”, argumentou o advogado e ativista social e ambiental Affonso Rodrigues. 

“Infelizmente vivemos numa sociedade que só olha para si. Mas, graças a Deus a arte ainda salva muitos jovens da vida errada”, afirmou Lázaro Freitas. 

A reportagem entrou em contato com secretário municipal de Educação, Azamor Pessoa, via mensagem de voz no WhatsApp, para saber uma posição sobre o protesto do artistas visuais recebeu a resposta com a seguinte nota:

"Respeitamos os questionamentos dos profissionais formado em Artes, porém é importante esclarecer que o processo seletivo é para atender por tempo determinado o preenchimento de vagas, e o motivo de não haver a disponibilidade de vagas para esse Componente Curricular se dá pelo fato de termos no quadro Professores Efetivos formados na área específica, suprindo assim a demanda existente na Rede", justificou o secretário Azamor.





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