A cidade de Parintins, celeiro de artistas, poetas, escritores, mitos, se destaca por sediar um dos maiores espetáculos do mundo a céu aberto: o festival folclórico. É nítida sua relevância para o contexto social e cultural. Mas, tem se tornado mero adorno capital; não por sua população, mas por grupos político empresariais que concentram toda a arrecadação em si.
A pandemia do SARS-cOV-2 escancarou diversas realidades ora escondida, maquiada. No artigo publicado, intitulado "A Ressemantização do Festival Folclórico pós-pandemia" - que compõe o volume 2 do projeto "Quarentenas Amazônicas" - mostramos dados relevantes e verdadeiros com base científica a respeito da concentração de renda arrecadada no evento multimídiatico.
O que nos direciona que, mediante as farsas que se perduram na cidade há mais de duas décadas, seguimos aos marasmos e num regresso. A política do pão e circo, da Roma Antiga, é presente na cidade e se perdura sem fim. O desemprego é alto, periferias abandonadas, o sistema sanitário e de saúde é defasado, pessoas em situação de extrema pobreza e comunidades tradicionais do município estão a mercê da sorte. São conjunturas que preocupam, ainda mais numa falsa sensação viabilizada pelo prêmio de "cidade modelo".
* Isaias dos Santos | Professor Mestre e Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Ambientes Amazônicos da Universidade Federal do Amazonas.