ARTIGO: Os impactos da Lixeira Pública nos recursos hídricos subterrâneos de Parintins


ARTIGO | Por Edelson Gonçalves*

A lixeira de Parintins é fator preocupante nas questões ambientais. Tanto nas questões que envolvem o local onde está localizada, na área que pertence a Universidade do Estado do Amazonas e nas proximidades dos bairros Djard Vieira, Lady Laura, Jacareacanga Pascoal Alágio, Jõao Novo, do mesmo modo que afeta diretamente a universidade UEA.

Com o forte odor ocasionado pela decomposição dos resíduos, como também, o acúmulo de lixo que, sem o correto manejo pode acarretar no criadouro de animais que transmitem doenças incomodando os moradores, que ficam vulneráveis a qualquer tipo de doença ocasionada pela lixeira.

Outro fator importante é a questão da degradação do solo, que levará mais de 100 anos para sua resiliência, pois existem objetos como plástico que dificulta a compactação do mesmo. Existem também, alguns rejeitos que podem durar até 500 anos para sua decomposição.

O que vem gerando uma inquietude na comunidade parintinenses é a questão dos impactos que a lixeira pode provocar nas águas subterrâneas. Que segundo o relatório da CPRM de 2019 (Companhia de Pesquisa de recursos Minerais) aponta que a lixeira tem aproximamente 17 hectares, seja nos aspectos técnicos, legais e operacionais. E se encontra numa situação inadequada que pode ocasionar a principal fonte potencial de contaminação das águas subterrâneas no setor sul da ilha.

O relatório aponta que o fluxo das águas subterrâneas se faz no sentido sul-norte e sudeste-noroeste, isso quer dizer que o fluxo das águas se dá da lixeira e percola em direção ao rio amazonas. Nesse sentido não houve a contaminação dos poços tubulares (PT) que distribuem as águas para as residências da população.

Essas pesquisas foram realizadas uma no ano de 2005 e uma outra recente em 2019, que após ocorridos 14 anos de intervalo não se constatou nenhuma contaminação química nos poços no entorno da lixeira municipal. Com uma observação os PT 17 e PT 18 não foram realizadas análises bacteriológicas, ou seja, nesses poços nada se pode afirmar sobre possíveis contaminações de organismos patogênicos.

O que pode ter influenciado na qualidade da água subterrânea segundo o estudo, é o fato de haver uma extensa camada de rocha laterita, onde a lixeira está situada. Esse substrato é pouco permeável e dificulta a infiltração do chorume e sua percolação até os níveis superiores do aquífero, servindo de filtro no caminho dos contaminantes que retem em seus poros.

Apesar do cenário favorável nessa localidade, o consumo de águas contaminadas por metais potencialmente tóxicos tem grande impacto para a saúde humana e seu processo de remoção é complexo, demorado e custoso, sendo prudente a adoção de medidas preventivas. Desse modo, pelo alto potencial contaminante associado à lixeira, é fundamental que sejam monitoradas com frequência as águas dos poços que estão localizados nas proximidades, com análises químicas e bacteriológicas completas a cada seis meses pelo menos. Apesar da lixeira esta assentada na rocha laterita o solo dessa localidade é muito arenoso de fácil infiltração e lixiviação, podendo ser possível a contaminação em outros setores.       

Por: Edelson Gonçalves | Mestre em Recursos Hídricos  pelo ProfÁgua/Uea-Parintins.

Foto: Google Map

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