ARTIGO: Excelência em quê?

 

Como falar de excelência para uma cidade que não tem um porto digno para receber uma canoa com ribeirinhos, e se diz turística?

Por: Floriano Lins* 

| Não é novidade o estranhamento do coletivo consciente de Parintins, a 369 km de Manaus, em relação a um tal prêmio de excelência atribuído pela rede bandeirante à prefeitura de Parintins; pelo jeito, a toque de caixa. Aliás, vale destacar: merecemos tantos prêmios possíveis em se tratando de excelência em abandono à cidade e, principalmente em maquiagem de uma realidade cruel a que os ilhéus foram atirados, e já se vão dezenas de anos em que oligarquias transformaram Parintins em paraíso das gulas de enriquecimentos ilícitos.

Perguntas que incomodam neste momento de “excelência” brotam no meio da população, mesmo anestesiada, como um manancial de dúvidas e incertezas sobre os caminhos que conduzem a prêmios e títulos totalmente desconectados com a realidade observada na “Parintins que a gente vê”, totalmente diferente da “Parintins que a Band vê”.

Como falar de excelência a uma cidade que recebe seus visitantes em uma beira de rio (apelidada de orla) cheia de crateras e desabamentos, obras abandonadas, inauguradas sem o menor escrúpulo? Quantas promessas de emendas e remendos para o muro de arrimo que só existe em tempos das campanhas da politicagem?

Como falar de excelência para uma cidade que não tem um porto para receber uma canoa com turistas (saudade do velho trapiche)? Quem açambarcou tanta grana que daria para construir vários terminais hidroviários por outras cidades do beiradão do Amazonas?

Que diriam os “pesquisadores” da Band se visitassem as ruas dos Itaúnas, Paulo Correa, União, Pascoal Alággio, Jacareacanga, Tonzinho Saunier, Teixeirão e outros loteamentos marcados pelo descaso administrativo? Será que perguntariam sobre os prejuízos da buraqueira do centro e dos bairros a proprietários de veículos, mototaxistas, taxistas, tricicleiros, ciclistas, etc.

Que mobilidade pode se atribuir a uma cidade que, se quer, tem um plano discutido em audiências com seguimentos sociais ou aprovado com aval de engenharia comprometida com os direitos de ir e vir do cidadão?

Que mobilidade é essa em que pedestres são obrigados a ariscarem a vida transitando pelos leitos das ruas cujas calçadas são tomadas por particulares  ou estão tomadas pelo esgoto a céu aberto?

Mobilidade em trânsito caótico, fatal, sem qualquer organização ou respeito a ciclistas, a tricicleiros, e à vida. O que diriam os “pesquisadores” se abrissem os olhos e vissem as ruas da Ilha com centenas de cães abandonados, doentes, perambulando sem qualquer responsabilização aos crimes cometidos pelos seus algozes?

Estamos diante de uma excelência chula, bizarra onde o cidadão que pensa em Bem Viver é agredido diuturnamente pelo desrespeito ao sossego público, pelas agressões ao Ambiente que já não tem meio. Uma excelência sem cidadania é pura fantasia atribuída a uma “Capital do Boi Bumbá”. E haja conversa pra boi dormir.


* Jornalista, escritor, graduado em letras pela UEA, bacharel em Comunicação Social pela UFAM. Autor do livro "O Homem em com a Natureza". É Educador Popular e Ativista Social. Editor do Portal Floriano Lins.



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